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O que podemos aprender com Israel, o País das startups?

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| por Eduardo Terra

Israel está imersa em inovação, tem um ambiente de startups fortíssimo e uma cultura focada em transformação e internacionalização. Como trazer tudo isso para a realidade brasileira?

Um país com pouco mais de 70 anos, do tamanho do nosso estado de Sergipe, mas em que 60% do território é um deserto. Nesse lugar, vivem 9,6 milhões de pessoas, sendo que 25% delas não nasceram ali. Colocando dessa forma, não parece grande coisa, não?

Entretanto, 22% dos agraciados com o Prêmio Nobel vieram dessa pequena região do planeta. O país é um grande exportador de frutas para a Europa, mas, mais importante ainda, é uma referência em inovação e tecnologia: 15% do PIB e 10% dos empregos estão na área de TI. Seu fortíssimo ambiente de startups gerou 33 unicórnios somente em 2021 – e no país já foram criadas 92 empresas com valuation acima de US$ 1 bilhão.

Bem-vindo a Israel. A nação das startups.

Recentemente, a BTR-Varese, da qual sou um dos sócios ao lado de Alberto Serrentino, levou uma delegação de empresários brasileiros para conhecer o ambiente de inovação de Israel. E não é nenhum exagero dizer que mergulhar na cultura e no ecossistema local é uma experiência transformadora.

Três pontos chamam muito a atenção de quem visita Israel com foco em entender como um país tão pequeno, cercado de inimigos e em constante estado de guerra, consegue ser tão inovador e realizar tanto:

A cultura faz toda a diferença

A cultura de Israel acelera o potencial inovador do país. E, nisso, as Forças Armadas têm um papel muito importante. Todo jovem serve o exército (as mulheres por 2 anos, os homens por 3) e isso cria uma sociedade alinhada e disciplinada. Além disso, tanto no exército quanto no dia a dia, a sobrevivência e a necessidade de viver sem exageros (apenas com o absolutamente necessário) criam uma cultura de frugalidade.

Israel é um país que nasceu e cresceu com muitas restrições, sem recursos abundantes. E isso forçou, ao longo das últimas décadas, toda a nação a buscar formas diferentes para fazer acontecer. Foi preciso dessalinizar a água para dar de beber a todos. Foi preciso criar riqueza a partir do capital intelectual, já que os recursos naturais são parcos. A própria religião tem muitos elementos que estimulam uma cultura empreendedora – e a história dos judeus com o comércio em todo o mundo é bastante conhecida.

A cultura, dessa forma, é o grande ponto de sustentação e desenvolvimento da tecnologia e do país. É a partir de uma cultura de fazer o que for necessário para criar melhores condições de vida que começa o ecossistema de inovação de Israel.

Inovação estimulada pelo estado

O governo israelense é um grande indutor do crescimento, impulsionando as startups e estimulando as pessoas a empreender. Isso passa, evidentemente, por muitas fontes de financiamento, como as universidades que formam e sustentam talentos.

Mas vai muito além disso: quando uma startup dá errado (o que é muito mais comum do que o sucesso), o empreendedor não precisa carregar com ele a dívida do negócio. Errar e reconhecer o erro é muito bem-visto, pois é parte do caminho para o sucesso.

Outro ponto importante é o ambiente regulatório favorável, e nesse sentido a recente Lei das Startups brasileira é um paralelo importante que impulsionará a nossa evolução nos próximos anos. Com isso, Israel é o segundo do ranking mundial em número de startups (só em fintechs são mais de 500), com uma taxa de mortalidade que é metade da média mundial (4% sobrevivem após 5 anos).

Esse ambiente atrai a atenção de todo o mundo: existem atualmente mais de 400 centros de Pesquisa & Desenvolvimento de empresas internacionais no território israelense. Somente em 2021, foram investidos US$ 25 bilhões em empresas de tecnologia em Israel, quase o dobro da América Latina inteira.

A “nação startup

Israel teve muita sabedoria em se apropriar de uma narrativa atraente: a da “nação startup”. Nos últimos anos, o país virou uma grife, com um branding que vai adiante e abre portas para as empresas em todo o mundo. O Waze é um exemplo de startup nascida no país e que virou sucesso global, mas existem inúmeras outras.

O Brasil poderia se beneficiar muito de uma narrativa sólida e muito bem contada. O branding do país sempre esteve muito ligado à criatividade, à inventividade, à descontração e à felicidade. Todos esses são pontos que se encaixam muito bem no objetivo das startups de criar um mundo melhor. O que falta é organizar essa narrativa e comunicá-la de maneira sólida para o mundo inteiro.

A internacionalização das empresas de Israel também é um aspecto muito relevante. Como o país é pequeno, as startups já nascem com um olhar no exterior. Estar presente na Europa e nos Estados Unidos é uma ambição de todas, que desde o início desenvolvem soluções pensando não apenas no mercado interno, mas também em como resolver problemas em todo o mundo. E esse olhar global faz toda a diferença.

Um mergulho no ecossistema de startups de Israel é uma oportunidade de imaginar o que um país do tamanho do Brasil, com sua riqueza natural e grande população, pode fazer se tiver disciplina e iniciativa. Impulsionar as startups brasileiras nos mais diversos segmentos parte da capacidade criativa que já temos, passa por um ambiente regulatório que seja favorável, depende de uma economia cada vez mais estável e gera benefícios que se disseminam por toda a sociedade – com a geração de empregos, riqueza e desenvolvimento para todo o país.

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